quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Uma oração nada convencional


Já era tarde quando eu resolvi ir dormir. Escovei os dentes, desliguei o computador, verifiquei a porta e as janelas e andei em direção ao quarto. Em meio ao silêncio e à escuridão total, pude olhar pra dentro de mim mesma e de repente me senti tão fraca e vulnerável que não era capaz de dar um único passo. Deitei ali mesmo, no chão, e as únicas coisas que eu podia ouvir eram o som abafado do motor do ar condicionado e o tic-tac de um relógio na cozinha.

Nesse instante fitei o teto por alguns segundos e pensei em tudo o que havia mudado e ainda estava mudando na minha vida. Eu parecia indiferente a tudo, mas talvez alguma coisa no meu subconsciente estivesse me dizendo que essa era a melhor forma de lidar com isso. Eu não estava sendo justa, todos estavam sofrendo, talvez até mais que eu, pois tinham diversas outras coisas com que se preocupar.

Tudo o que eu queria era desabafar com alguém. Mas não tinha o direito de  transferir os meus problemas para os outros. Desejei chorar como um bebê até pegar no sono e acordar numa manhã fresca e luminosa num mundo onde não existissem medo ou dor. Queria muito voltar a ser criança e não ter nenhuma preocupação, mas no mundo dos adultos o impossível existia. Essa era, definitivamente, uma coisa impossível.

De repente eu comecei a pensar em todas as pessoas que vivem dramas muito maiores que os meus. Muitas delas estavam muito próximas a mim. Elas sempre mantinham a esperança e, com muita alegria, era capazes de realizar grandes coisas. Comecei a me sentir mal com isso. Queria ter toda essa força. O que eu estava fazendo da minha vida? Em que eu vinha empregando toda a minha energia? E todas as oportunidades que eu tenho tido, por que não as aproveitava como deveria? E as pessoas que passaram e que ainda estava na minha vida, como eu as havia tratado até então? Por que eu não podia ser simpática com elas?  E dos mais 700 contatos do facebook, quantos eu chamava de amigos? Quais deles realmente eram? Como eu vinha tratando minha família, familiares e parentes? Será que era da forma que eles mereciam? Que diferença eu fazia na vida das pessoas? E que tipo de legado eu deixaria para o mundo?

Eu tinha medo das respostas.

Precisava mudar muita coisa em mim. Nada me prendia, mas eu não me sentia totalmente livre. Era como se algo me impedisse de seguir em frente. Meu egoísmo me consumia me fazendo desperdiçar tempo, pessoas e oportunidades... Precisava de ajuda e só havia uma pessoa que poderia me ajudar. Eu já o conhecia há bastante tempo, mas tinha sido arrogante demais para pedir por favor.

Duas lagrimas rolaram lentamente pelo meu rosto. 

Na cama, tentei dormir desejando com todas as minhas forças que o amor que Ele havia prometido aliviasse aquele sofrimento e, por fim, agisse em mim promovendo as mudanças que eu tanto precisava. E quis ter um pouco daquele amor, para que pudesse emprega-lo em tudo o que eu fizesse e mudar cada aspecto da minha vida.

Não sei se posso dizer que isso é uma oração. Talvez algumas vezes a dor e o desespero sejam tão grandes que transforme o ato de orar em um grande desafio. Nessas horas talvez bastem duas lágrimas, um desabafo e um sentimento sincero. Nesse caso dizer amém talvez seja apropriado. Amém.

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